Deus coloca um Anjo no caminho de Balaão e faz uma jumenta falar para o impedir de prosseguir

No antigo testamento podemos ler inúmeras histórias da atuação direta de Deus para conduzir os povos ao longo dos séculos em Seu caminho. No livro de Números da Bíblia encontrar histórias fascinantes e profundamente miraculosas da longa caminhada de 40 anos do Seu povo hebreu (antepassados dos judeus / israelitas) por meio do deserto, depois que Ele o libertou do Egito, até chegar a Terra Prometida (Canaã). Hoje veremos uma delas não tão divulgada: a do profeta Balaão e sua jumenta.

Ao longo da travessia no deserto, o povo hebreu se organizava em acampamentos, divididos em esquadrões, com cada família hasteando sua bandeira, a mando e organização do próprio Deus. Foram avançando ao longo do tempo pelo deserto do Sinai, passando por terras estrangeiras e sofrendo oposições e guerras, mas sempre saindo vitoriosos pela espada. Após uma avassaladora vitória sobre os amorreus, chegarem à Moab, no outro lado do Jordão (Números, 22:1). O rei Balac fica aterrorizado de medo desse povo adentrar seu território. Envia, então, mensageiros ao adivinho (profeta) Balaão com um pagamento para que amaldiçoasse esse povo e tivessem alguma chance de vitória. Mas Balaão, mesmo sendo estrangeiro, era um adivinho que reconhecia o Deus de Israel como o único e verdadeiro Deus.

Ao chegarem, Balaão pede que esperassem uma noite, pois consultaria a Deus. Quando Deus lhe aparece, explica a situação e Ele conclui: "Não irás com eles, e não amaldiçoarás esse povo, porque é bendito" (Números, 22:12). O profeta comunica a decisão de Deus aos anciãos mensageiros e os dispensa, mandando-os embora. 

Mas Balac não aceita. Envia então outros mensageiros mais importantes e promete agora muita riqueza a Balaão se amaldiçoar o povo hebreu. Balaão então os repreende: "Ainda que o vosso senhor me desse a sua casa cheia de prata e de ouro - eu não poderia transgredir a ordem do Senhor, meu Deus, nem pouco nem muito, no que quer que seja" (Números, 22:18). Mas combinou com eles de consultar a Deus novamente a noite. 

Em resposta, Deus se pronuncia: "Já que essa gente veio te chamar, levanta-te e vai com eles. Mas só farás o que Eu te disser (Números, 22:20)"

No outro dia cedo, Balaão parte com sua jumenta junto com os mensageiros de Moab. Mas o que o profeta não sabia é que Deus estava irado e convoca seu Anjo:

O Anjo de Deus aparece e parou bem na frente de Balaão e sua jumenta com sua espada em mãos, impedindo a passagem. Ele não o viu, mas a jumenta sim, saindo da estrada em direção ao campo. Balaão se irrita profundamente e espanca a jumentinha para voltar ao caminho correto. O Anjo para pela segunda vez no caminho, desta vez em meio as vinhas. Só a jumenta o vê novamente e sai do caminho mais uma vez, sofrendo novo espancamento por parte de seu dono e volta a levá-lo. Pela terceira vez o Anjo se põe entre eles, agora em frente a uma passagem muito apertada, e a jumenta para novamente, sofrendo um terceiro esbofeteamento.

Deus, neste momento, ABRE A BOCA da jumenta que fala na língua de Balaão e conversa com ele (Números, 22:28-30)

- Jumenta: "Que te fiz eu? Por que me bateste já três vezes?"

- Balaão: "Porque zombastes de mim. Ah, se tivesse uma espada na mão! Já o teria matado!

- Jumenta: "Acaso não sou eu a tua jumenta, a qual montaste até o dia de hoje? Tenho eu porventura o costume de proceder assim contigo?"

- Balaão: "Não"

Após as agressões e a conversa com o animal, Deus abre os olhos do profeta, que agora vê o Anjo e joga-se por terra com rosto em chão em frente a ele, que lhe disse: "Por que feriste três vezes a tua jumenta? Eu vim opor-me a ti, porque segues um caminho que te leva ao precipício. Vendo-me, a tua jumenta desviou-se por três vezes diante de mim. Se ela não o tivesse feito, eu te haveria matado, e ela ficaria viva." (Números, 22:32-33)

Balaão respondeu: "Pequei. Eu não sabia que estavas postado no caminho para deter-me. Se minha viagem te desagrada, voltarei" (Números, 22:34). Mas o Anjo ordena que agora deveria prosseguir e dizer somente o que Deus mandar.

Ao se encontrar com Balac, se dirigem a Bamot-Baal, local onde conseguem ver a amplitude do acampamento dos filhos de Israel. Após oferecerem holocaustos, o profeta consulta a Deus novamente, que lhe pede para voltar e recitar um poema diante de Balac e do acampamento hebreu, abençoando o povo e não amaldiçoando! Balac reclama e Balaão lhe diz: "Não devo eu cuidar de só dizer o que o Senhor põe na minha boca? (Números, 23:12)

Convidamos hoje você a ler o livro inteiro de Números da Bíblia ao longo da semana ou do mês. Nesta leitura ficamos revigoramos nossas forças ao ver o quanto Deus auxilia seus filhos quando Ele está junto deles, mesmo em meio a travessia de um deserto! Todos nós temos nossos "desertos" e Deus caminhará conosco se obedecermos Seus caminhos.

Referência: BÍBLIA CATÓLICA. Números 22-23