O sonho profético de Nabucodosor II com a grande árvore: o rei mais poderoso da antiguidade precisou viver como animal por 7 anos para louvar o Rei dos Céus

O império neo-babilônico conquistado entre 604 e 562 A.C. foi o maior que já existiu na antiguidade, sob comando de seu rei Nabucodonosor II. Seu poder, domínio militar e alcance político foi o mais amplo existente até aquela sua geração - sob permissão do próprio Deus, conforme relata o profeta Daniel ao próprio rei:

"37.tu que és o rei dos reis, a quem o Deus dos céus deu realeza, poder, força e glória; 38.a quem ele deu o domínio, onde quer que habitem, sobre os homens, os animais terrestres e os pássaros do céu," Daniel, 2:37,38.

Se prudente, o rei seria grato a estas dádivas de Deus em sua vida, usando-as para realizar o bem às populações que dominava. Mas ele não resistiu a tanta glória, fama e riqueza, tornando-se imensamente orgulhoso, megalomaníaco, materialista, amante do poder e politeísta. Deus, então, para endireitar seus caminhos, torná-lo humilde e O reconhecer como Criador Onipotente, planejou lhe enviar uma severa punição, avisando-o previamente por um sonho enigmático (Daniel, 4:1-34)

Neste sonho ele via uma grande árvore que crescia e atingia o topo dos céus. Todos animais e aves da terra se alimentavam de seus frutos e descansavam em seus galhos e sombras. Tudo ia bem até que desce um anjo dos céus mandando cortar a árvore, mas que deixassem apenas o toco do tronco e acorrentassem suas raízes no chão. Ordena adicionalmente que estas raízes fossem molhadas pelo orvalho e vivessem com os animais da terra por 7 temporadas.

Desesperado, o rei busca explicação do sonho com os sábios, adivinhos e astrônomos de seu reino. Não concluíram nada. Finalmente, busca pela sabedoria do profeta Daniel, que servia em seu palácio à época. A Babilônia havia conquistado o Reino de Judá, levando Daniel como escravo para seu reinado devido sua inteligência e sabedoria. Tomaram também Jerusalém, capital de Israel, levando para Babilônia diversos judeus com habilidades específicas e escravos. Esse período ficou conhecido na história dos judeus como o Cativeiro da Babilônia.

Daniel, ao escutar o relato do sonho, primeiro lamenta e se perturba, dizendo que desejava que este decreto divino fosse direcionado a seus inimigos. Em seguida informa que infelizmente esta imensa árvore era o próprio rei, pois seu poder chegou até os confins da terra. Então Deus iria lhe tirar toda sua glória e seu juízo mental, passando a viver como animal por 7 anos. Quanto às raízes que foram deixadas, conclui, significa que não lhe seria tirado tudo, pois assim que reconhecesse o domínio de Deus em sua vida, Ele restituiria sua realeza na terra.

Daniel ainda tentou persuadir o rei a abandonar seus maus caminhos e ajudar a população pobre a fim do Altíssimo revogar essa decisão. Mas tudo ficou igual, seu orgulho continuou maior que seu temor. 

Um parênteses neste momento, pois Jesus explicaria em aproximadamente 2000 anos depois a Santa Catarina de Sena sobre a situação de uma alma como a deste rei. Em uma de suas aparições particulares à santa, Ele explica o perigo que o apego descontrolado ao dinheiro (como objetivo fim da vida) ocasiona a uma pessoa:

"Se prestares atenção, veras que todos os males procedem do desordenado apego e ganância da riqueza. Disto nasce o orgulho de quem pretende ser maior que os outros, a injustiça (...), a ambição de dinheiro que faz roubar o alheio. (...) Eles não entendem que se adquirem e conservam riquezas o devem a mim. (...) As coisas devem servir ao homem e não vice-versa. Só a mim o homem deve servir, sou seu fim último"

Nota-se que o rei Nabucodonosor incorria exatamente neste problema indicado por Jesus. Sua ganância, orgulho e sentimento de superioridade era tão grande que mandou fazer uma estátua  de ouro com sua imagem para a população se prostrar diante dela. Queria ainda que a cidade de Babilônia refletisse seu poder e ostentação, construindo uma segunda versão da Torre de Babel, o Portal de Ishtar e os Jardins Suspensos, vindo a ser considerado uma das sete maravilhas do mundo antigo. Apos tudo isso, Nabucodosor se exaltava como fim último (e não o Deus verdadeiro e único), dizendo que tudo era feito por meio dele.

Passou-se, então, um ano desde que teve o sonho profético. Passeava em seu palácio tranquilamente, vangloriando mais uma vez todo seu poder e majestade, quando uma voz veio dos céus enquanto ainda falava e decretou que se realizasse tudo conforme sonhou anteriormente.

No mesmo instante ele enlouqueceu (perdeu o juízo, conforme predito) e foi expulso do meio dos homens, vivendo como animal na selva. Seus pêlos e suas unhas cresceram iguais aos das águias, comendo capim e dormindo sob o orvalho da noite por longos sete anos. 

                                                                      Fonte: imagem amplamente divulgada em redes sociais

Finalizado o tempo marcado por Deus, Nabucodosor recobra sua sanidade, glorificando e louvando ao Senhor, assim como reconheceu também Sua dominação sob os humanos, dando os reinos da terra a quem Ele quiser. Como consequência, teve sua majestade terrana restituída e com ainda maior poder. Finalizou, declarando:

"Agora, eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico o rei do céu, cujas obras são todas justas e cujos caminhos são retos, e que tem o poder de humilhar aqueles que procedem com orgulho." Daniel, 4:34.

Referências: BÍBLIA CATÓLICA, REVISTA CATÓLICA, HISTORIA E FATOS, MUNDO EDUCAÇÃO, FOCA NA HISTÓRIA(A), FOCA NA HISTÓRIA(B), SUA PESQUISAHISTORIA DA GENTE, GENTE NA HISTÓRIA