Os sete primeiros milagres de Nossa Senhora Aparecida. Rainha e Padroeira do Brasil

O aparecimento da imagem de Nossa Senhora

Brasil, capitania de Minas Gerais, ano de 1717. A exploração do ouro estava no auge e os conflitos entre os exploradores eram intensos. Nesse interim, houve a troca de governantes da capitania de São Paulo e Minas Gerais, sendo assumido agora por Dom Pedro de Almeida e Portugal, também chamado Conde de Assumar. Saiu de Portugal e chegando a São Paulo logo tomou caminho até os locais de conflito. Após longos 17 dias de viagem, chega a Guaratinguetá em 12 de outubro.

Não era época propícia a pescaria na região, pouco ou nada se poderia pescar em seus rios. Mas a Câmara Administrativa de Guaratinguetá emite um decreto para que os pescadores conseguissem o máximo de peixe possível para servirem em um banquete ao seu novo governador. Dentre eles estavam Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, cada qual em sua canoa. Lançaram as redes ao longo do rio Paraíba por quase toda a noite  e nada conseguiram.

Clamam, então, em oração a Nossa Senhora por ajuda. Em seguida João Alves lança sua rede novamente e sente um peso ao puxa-la. Seriam peixes? Não. Era uma imagem enegrecida de uma santa mas sem sua cabeça. Deixou-a no fundo de sua canoa. Descendo mais o rio lança novamente a rede e puxa-a de volta. Unicamente veio, agora, a cabeça também enegrecida da santa que se encaixava perfeitamente no pescoço da imagem. Em um rio tão longo, esse fato por si só já seria um milagre. Mas era apenas o começo de uma grande história na nação do Brasil! A imagem encontrada no rio tinha quarenta centímetros de altura e conforme atestou-se os especialistas, foi produzida com argila terracota no século XVII com estilo seiscentista.

A seguir serão descritos os sete primeiros milagres mais conhecidos e amplamente difundidos, sendo alguns reconhecidos pelo Vaticano. Mas inúmeros outros ocorreram nos primeiros anos após encontrarem a imagem de Nossa Senhora que poderiam ser relatados.

1 - A pescaria milagrosa

Após encontrarem a imagem e sua cabeça, enrolaram-na em um pano, benzeram-se e lançaram suas redes. Puxavam e agora vinham lotadas de peixes a ponto de encherem as três canoas até quase tomba-las, deixando os pescadores tremendamente admirados, pois nada tinham encontrado o dia todo até o momento anterior, não tendo dúvidas da intercessão da santa encontrada.

Limparam bem a imagem e verificaram se tratar de Nossa Senhora da Conceição. Porém, pelo fato dela ter surgido no rio, popularmente passou a ser chamada de "aparecida", ou seja, Nossa Senhora Aparecida (ou Nossa Senhora da Conceição Aparecida). O pescador Felipe Pedroso levou-a para casa, local onde recebia a comunidade para rezar e fazer novenas.  Quinze anos depois a deu a seu filho Atanásio. Homem de fé, logo ergueu um oratório para a imagem.

2 - O milagre das velas

A comunidade costumava acender algumas velas ao redor da imagem. Era o ano de 1736. Porém, em uma noite calma e sem vento, todas as velas se apagaram sozinhas durante as orações. Ao se aproximarem, se reacendiam sozinhas. Esse fenômeno sobrenatural voltou a acontecer outras vezes, correndo a notícia na região até chegar ao padre local. Este mandou construir uma capela maior para melhor acolher a crescente veneração a Nossa Senhora Aparecida. E outras mudanças foram seguidamente feitas para locais cada vez maiores conforme os milagres iam se multiplicando, até se chegar à construção do Santuário (antigo) em 1745 no Morro dos Coqueiros as margens do rio Paraíba. Logo ficou conhecida popularmente como a cidade de Aparecida do Norte (mas na verdade o município fica a sudoeste do estado de São Paulo), próximo a Guaratinguetá e Pindamonhangaba.

3 - As correntes do escravo se arrebentaram

Outro milagre muito difundido foi o do escravo fugitivo chamado Zacarias. Ao ser capturado pelo seu dono à época, foi conduzido acorrentado novamente de volta a fazenda. No percurso passaram em frente ao Santuário e ele pede para fazer uma oração à santa. Seu dono permitiu. Logo que começou a rezar ajoelhado em frente a imagem suas correntes se arrebentaram, caindo ao chão. Seu dono ficou comovido e ofertou o preço do escravo a Nossa Senhora e o levou de volta como uma pessoa livre. As correntes partidas estão expostas no museu do Santuário Nacional de Aparecida até os dia de hoje.

4 - O cavaleiro arrependido

Em 1850, um cavaleiro que seguia para Minas Gerais passa por Aparecida do Norte e vê uma romaria até o santuário. Zomba dos romeiros, tratando a fé deles com desprezo. Para demonstrar sua falta de respeito, tenta entrar a cavalo no santuário, mas quando o animal pisa nas pedras da escadaria sua pata afunda, ficando presa e derruba o cavaleiro com força ao chão. Permaneceu cravada na pedra a marca da ferradura. O homem se arrependeu, pede perdão aos romeiros e torna-se devoto de Nossa Senhora Aparecida. A pedra com a marca da ferradura do cavalo também está exposta no museu da Basílica atualmente.

5 - A menina cega que volta a enxergar

Em uma família de Jaboticabal/SP muito devota a Nossa Senhora Aparecida havia nascido uma menina cega. O sonho dela era conhecer o Santuário em Aparecida. Após longa jornada, a mãe chega com a criança na escadaria do Santuário. Ela olha para cima e diz para sua mãe: "Que linda essa igreja!". A partir daquele momento passou a enxergar normalmente.

6 -  O caçador e a onça

Um caçador foi encurralado por uma onça que já se preparava para avançar ferozmente sobre ele. Nessa situação, só um milagre o salvaria. Clamou a Nossa Senhora Aparecida. Em seguida, a onça se aproxima calmamente, lhe cheira, faz meia volta e vai embora!

7 - Menino se salva do afogamento

Em 1862, pai e filho vão pescar no rio Paraíba. A correnteza estava forte e derruba o menino do barco. Ele não sabia nadar. O pai começa a clamar a Nossa Senhora Aparecida para o salvar. No mesmo instante, o rio milagrosamente se acalma e o menino deixa de ser levado pela correnteza, boiando na superfície. O pai o resgata e verifica que seu filho não engoliu uma gota d'água, comprovando a intercessão de Nossa Senhora.

O manto e a coroa da imagem

Um fato um pouco desconhecido até mesmo da população brasileira é que o manto azul e a coroa que sempre vemos nas imagens de Nossa Senhora Aparecida foi um presente da Princesa Izabel, filha do rei do Brasil, Dom Pedro II e muito católica. Devido sua dificuldade em engravidar, prometeu lhe colocar um manto em sua imagem aparecida com 21 brilhantes, representativos das 21 províncias do Império e a capital, se conseguisse ter um filho com o Conde D'eu, seu marido. O manto tem a cor azul escuro e com o passar do tempo o deixaram com o formato triangular.

A Princesa Izabel ainda foi a responsável por abolir a escravatura no Brasil, atraindo a ira de seus inimigos e fazendeiros oligarcas, que a destituíram do trono imperial. Mas esse mau foi transformado em grande bem pelos encaminhamentos de Deus. Ela, em contrapartida, mandou fazer uma réplica em miniatura da coroa que usaria caso tivesse sido rainha do Brasil para colocar na cabeça da imagem de Nossa Senhora Aparecida. A réplica foi feita em ouro 24 quilates, pesando 300 gramas, 24 diamantes maiores e 16 menores. Finalizada a construção da coroa, foi até o Santuário e a ofertou a coroa a Mãe Maria junto a um bilhete escrito:

"Eu, diante de Vós, sou uma princesa da terra e me curvo, pois és a Rainha do céu e te dou tão pobre presente que é uma coroa que seria igual à minha, e se eu não me sentar no trono do Brasil, rogo que a Senhora se sente nele por mim e governe perpetuamente o Brasil"

O Papa Pio X assinou um decreto em 1904 para a coroação de Nossa Senhora Aparecida com a coroa da Princesa Izabel, passando a ser a partir daquele momento a Rainha do Brasil. Ainda, em 1930 foi proclamada como Padroeira do Brasil, comemorada sempre em 12 de outubro,  dia em que os pescadores encontraram a imagem no rio Paraíba.

Santuário Nacional de Aparecida (Basílica de Aparecida)

Atualmente a imagem está no Santuário Nacional de Aparecida, o maior do mundo dedicado a Nossa Senhora, consagrado pelo papa João Paulo II e visitado por três papas. Recebe cerca de 8 milhões de visitantes por ano, um recorde mundial também. Passados mais de 300 anos, os milagres atribuídos à virgem negra encontrada nos rios do Brasil continuam se multiplicando no país, assim como pelo mundo!. No Santuários podem ser encontrados milhares de objetos e cartas deixados pelos devotos em gratidão aos milagres alcançados.

Vamos sempre repetir o que João Paulo II proclamou na Basílica quando esteve em visita  a nossa Mãe em Aparecida do Norte: 

“Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem  Imaculada, a Senhora Aparecida”.

Referências: Editora Cleofas(a)Editora Cleofas(b), A12(a), A12(b), Canção Nova, Como Rezar, Santuário Nacional de Aparecida, Santuário Arquidiocesano de Nossa Senhora Aparecida, Em Paz ConsigoJornal DCI, Franciscanos(a)Franciscanos(b)