Rica e bela, assim era Santa Luzia. Eis um composto explosivo que poderia ter desnorteado sua vida durante sua juventude. Nascida em 283 em berço de família abastada da cidade de Siracusa, Itália, e com uma beleza que chamava a atenção dos rapazes (especialmente seus vistosos olhos), teve tudo para arrumar um casamento conforme os moles da época: arranjado para enriquecer ainda mais! E assim foi, no começo... mas contra sua vontade. Sua mãe lhe arrumou um noivo: um jovem pagão de família tradicional que poderia ampliar a riqueza delas ao juntar os bens das duas famílias, era uma junção perfeita dentro tradições mundanas! Todavia, apesar da intensa perseguição aos cristãos à época, seus pais lhe deram uma ótima formação católica (seu pai faleceu aos seus 5 anos de idade), nascendo nela um forte amor ao próximo assim como a levou a fazer votos de castidade a Deus. Por outro lado, atenta a vontade da mãe de vê-la casada, pede um período de tempo para refletir.
A mãe de Santa Luzia sofria com intensas hemorragias internas. Nenhum médico da região conseguia curá-la. Certo dia, na celebração da missa, ao escutar a homília que tratava da cura da mulher que sangrava há décadas por Jesus Cristo, não teve dúvidas. Pediu que sua mãe peregrinasse junto com ela até o túmulo de Santa Ágata (Águeda) na cidade de Catânia, pois sua fé era suficiente para saber que quando sua mãe tocasse no túmulo da santa, seria curada. Ao chegarem no túmulo, Luzia tem uma visão de Santa Ágata que lhe diz:
“Luzia, minha irmã, porque pedes a mim aquilo que tu mesma podes obter para a tua mãe? Eis, tua mãe já foi curada pela tua fé. Ainda, assim como a cidade de Catânia foi salva através de mim, a cidade de Siracusa será salva através de ti".
Sua mãe ficou muito comovida com sua cura e palavras de Santa Ágata a sua filha. Era o momento perfeito para Luzia lhe relatar seus votos a Deus, junto a vontade de doar toda sua riqueza aos pobres. A mãe escuta seu relato e concorda! Voltando a Siracusa, começam a vender seus bens para doar o dinheiro aos mais necessitados da cidade.
A notícia da distribuição dos bens corre na localidade e logo chega aos ouvidos de seu noivo, que fica muito irado com a dilaceração do patrimônio da família da noiva, pois diminuiria sua própria riqueza no casamento, assim como com a intensão da jovem em romper o noivado. Resolve, então, denunciá-la ao prefeito de Siracusa por ser cristã, levando-a aos tribunais de justiça por quebrar o decreto do imperador romano Dioclesiano.
Durante seu julgamento foi convidada várias vezes a adorar os deuses pagão do império romano e reatar seu casamento, mas negava, dizendo: "Nem uma, nem outra coisa eu farei. Adoro a um só Deus verdadeiro, e a ele prometi amor e fidelidade. O sacrifício que agrada a Deus é visitar os pobres e prover às suas necessidades, mas como não tenho mais nada a dar, ofereço a Ele a mim mesma"
Vendo que não mudaria de opinião e que dava muito valor a sua castidade, os soldados a levam forçadamente a um prostíbulo para ser tratada como prostituta. Luzia, ciente da situação diz ainda: "Quem vive casta e santamente, é templo do Espírito Santo. Sem a minha vontade, a virtude nada sofrerá". Neste momento ocorre o primeiro milagre de seu martírio:
Seu corpo ficou extremamente pesado. Os soldados romanos não conseguiam movê-la do lugar, mesmo todos tentando simultaneamente deslocá-la. Chegaram a amarrá-la com cordas para ser arrastada por juntas de bois. Em vão. Permaneceu imóvel. Se não conseguiam violentá-la no prostíbulo, queriam agora piorar a situação: queimá-la viva no local em que estava mesmo. Jogaram azeite fervente e chamas de fogo sobre todo seu corpo, mas nada acontecia, permanecia com seu físico intacto! Mas se os carrascos nada podiam fazer, ela mesma o fez em favor a Jesus. Dizia que preferia tirar seus olhos a renegar seu verdadeiro Deus. E assim o fez: arrancou seus próprios olhos com suas mãos e os entregou aos soldados romanos (outra versão relata que ela os entregou ao seu noivo, que tanto adorava seus olhos, para adicionalmente não precisar mais se casar com ele). Porém, Deus a restituiu com novos olhos ainda mais belos no dia seguinte!!!
Ficando claro que castigos não a atingiam, lhe deceparam a cabeça, falecendo no ano de 304. A repercussão dos milagres de seu martírio e restituição por Deus de seus olhos arrancados por ela mesma fez sua fama de santidade correr por toda Europa e posteriormente pelo mundo. Foi decretada sua santidade pelo Papa Gregório entre o século V e VI, vindo a ser a principal santa buscada pelos cristãos por intercessões em problemas oftalmológicos e pela proteção da visão.
Referências: Expedição19, Em Paz Consigo, Santuário Arquidiocesano Santa Luzia, Franciscanos, Orações de Fé, Oração&Fé, Milícia da Imaculada, Momento Divino