Santo Antônio de Pádua foi um dos maiores pregadores da igreja católica, sempre falando as palavras de Deus com grande inspiração do Espírito Santo para conversão do maior número possível de pessoas.
Mas ao pregar na cidade de Rimini, na Itália, na qual residiam uma vastidão de hereges, as coisas não ocorreram conforme o esperado. A situação já começou ruim pelo fato das autoridades locais terem proibido a população de escutar seus sermões. Mas ele não se deteve a entraves políticos. Subiu em um púlpito e pregava a verdade aos ouvidos da população. Porém seus corações duros e apaixonados pela vida mundana relutavam em aceitar os caminhos de Deus, levando aqueles cidadãos a ridicularizá-lo. A maior parte simplesmente foi embora, restando uma pequena parte que se converteu. Não era o suficiente para ele, já acostumado a converter multidões, deixando-o indignado. Retirou-se para um momento de oração e pediu a Deus auxílio na conversão daquela cidade.
Deus, então, lhe inspira! Finalizada a oração, foi direto para uma praia da cidade onde um rio desemboca no Mar Adriático, convocando a população a segui-lo. Muitos apenas foram atrás dele por mera curiosidade. Chegando a beira mar, subiu em outro púlpito e lançou palavras em alta voz em direção às águas convocando os peixes do rio e do mar a escutarem as palavras de Deus no lugar dos hereges da cidade que não lhe davam ouvidos. O grandiosíssimo milagre começou a ocorrer diante dos olhos de todos os presentes:
No mesmo instante uma vastidão de todos os tipos de peixes, nunca vista antes na região em tamanha quantidade, começam a se dirigir próximo ao santo com suas cabeças para fora da água, formando filas e distribuindo-se por espécies. E mais: os menores se posicionaram mais próximos, seguidos pelos de porte médio e os mais altos ao fundo. Parecia um "jardim de peixes", das mais variadas cores, tipos e tamanhos. A luz do sol batia em suas escamas e se refletia na população ímpia que os viam claramente e com profunda admiração e espanto.
Todos peixes fixaram seu olhares em Santo Antônio enquanto fazia seu sermão em gratidão ao atendimento de seu chamado:
"Irmãos meus peixes, vocês devem se sentir muito agradecidos do modo de vocês ao Criador, que destinou a vocês como habitação um elemento tão nobre, de modo que vocês podem dispor de águas salgadas ou doces, conforme lhes for mais conveniente. Ademais, Ele estabeleceu a vocês múltiplas formas de refúgio para evitarem as ciladas das tempestades. Ofereceu-lhes ainda um elemento transparente e límpido para que pudessem ver claramente os lugares por onde andas e encontrarem os alimentos que precisam. O próprio Criador ajudando vocês na sua nutrição indispensável para a vida. Na criação do mundo vocês receberam de Deus como benção a ordem de multiplicar-se. E enquanto no dilúvio todos os outros animais pereciam, exceto aqueles recolhidos na arca, somente vocês foram preservados do extermínio (referência a Gênesis, 7). Munidos de barbatanas e dotados de robustez vocês podem nadar a vontade para onde quiserem. A um de vocês foi dado engolir o profeta Jonas e devolvê-lo depois ileso a terra (referência a Jonas, 1-4). Foram vocês que forneceram aquela moeda ao Nosso Senhor, sendo pobre como era, não tinha como pagar o imposto (referência a São Mateus, 17, 24-27). E foram vocês ainda, antes e depois da ressurreição, o alimento de Nosso Senhor. Em vista destes dons, cabe a vocês louvar e bendizer ao Senhor de quem receberam tão singulares benefícios em preferência aos outros animais"
Conforme escutavam esta pregação, alguns peixes chegavam a emitir vozes, outros abriam suas bocas, enquanto alguns inclinavam suas cabeças louvando a Deus, assim como com qualquer outro sinal que lhes fosse fisicamente possível. Vendo estes sinais de atenção e louvor dos peixes, Santo Antônio exalta-os a Deus por O louvarem mais que os humanos hereges daquela cidade, mesmo sendo animais irracionais.
Os peixes ainda permaneceram em posição organizada e imóveis por longo tempo até que todos ímpios da cidade fossem chegando pouco a pouco conforme corria a notícia do grandioso milagre que estava acontecendo no mar. Presentes todos da cidade diante daquela visão miraculosa, caíram aos seus pés com grande arrependimento, pedindo que também lhes dirigisse suas palavras. Santo Antônio sob forte inspiração lhes faz um sermão sobre a fé católica e consegue converter a todos, conforme havia pedido anteriormente a Deus em oração!
Santo Antônio morre em 13 de junho de 1231 com apenas 36 anos de idade, mas os milagres por sua intercessão e conversões por suas miraculosas palavras ficarão marcados na eternidade. E não só, sua própria língua e cordas vocais também. Sim. Após mais de 750 anos de seu falecimento, sua língua e cordas vocais estão incorruptas, ou seja, não entraram em decomposição. São Boaventura foi quem ajudou a exumar seu corpo pela primeira vez em 1263 para transferir seus restos mortais para a basílica construída em Pádua em sua honra. Notou que sua língua permanecia incorrupta! Em seguida exclamou:
"Ó língua bendita que sempre glorificastes o Senhor e levaste os outros a glorificá-Lo, agora nos é permitido avaliar como foram grandes os teus méritos perante Deus!"
Colocou-a em um relicário, estando no mesmo local até hoje, a qual é admirada por seus devotos como sinal divino das miraculosas conversões de multidões que conseguiu por suas palavras.
Incrivelmente, ainda, somente em 1981 em uma terceira exumação, realizada a pedido do papa João Paulo II, foi quando encontraram suas cordas vocais também incorruptas. O relicário com sua língua e cordas vocais podem ser vistos na Basílica de Pádua, na capela das relíquias.
Referências: Santuário de Santo Antônio do Descoberto (Goiás), Tradição Católica Deo Grátias, Paroquia Santo Antônio de Pádua (Presidente Prudente), Paroquia Santo Antônio de Pádua (Bento Gonçalves), Christo Nihil Præponere