Alguns anos na Terra ou voltar para o Purgatório? A escolha de uma alma que retornou à vida pela intercessão de Santo Estanislau

Testemunho descrito no livro Purgatory: Explained by the Lives and Legends of the Saints do Pe. François Xavier Schouppe (com tradução levemente adaptada pela Equipe Christo Nihil Praeponere, ver referências). Este renomado padre francês foi missionário jesuíta, vivendo em fins do século XIX e início do XX e autor de inúmeras obras teológicas, incluindo o Purgatório, a mais popular e conhecida.

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"Santo Estanislau era bispo de Cracóvia quando o duque Boleslau II governava a Polônia. O santo bispo não deixava de lembrar o príncipe de seus deveres, os quais, no entanto, ele escandalosamente violava diante de todo o povo.

Como se irritasse com o santo destemor do prelado, Boleslau decidiu vingar-se dele, levantando contra o bispo os herdeiros de um certo Pedro de Piotravin, que morrera três anos antes, tendo vendido uma porção de terra para a igreja da Cracóvia. Os herdeiros acusaram o santo de ter se apossado indevidamente do terreno, sem tê-lo pagado ao dono. Estanislau declarou que havia pagado pela terra, mas, como as testemunhas que deviam defendê-lo tinham sido ou subornadas ou intimidadas, o bispo foi denunciado como usurpador da propriedade de outrem e condenado a restituir a terra.Vendo que nada podia esperar da justiça humana, o santo bispo elevou então o seu coração a Deus, de quem recebeu uma inspiração repentina. Ele pediu um prazo de três dias, prometendo fazer Pedro de Piotravin aparecer pessoalmente para atestar a aquisição legal e o pagamento do terreno. O tempo foi-lhe concedido como escárnio.

O santo jejuou, fez vigílias e suplicou a Deus que defendesse sua causa. No terceiro dia, depois de haver celebrado a Santa Missa, ele saiu, acompanhado de seu clero e de muitos dos fiéis, ao lugar onde Pedro fora enterrado. A suas ordens o túmulo foi aberto, no qual nada havia senão ossos. 

Ele os tocou, então, com seu báculo e em nome daquele que é a ressurreição e a vida, ordenou ao homem morto que se levantasse. Subitamente os ossos se reuniram, revestiram-se de carne e, à vista do povo estupefato, o homem morto foi visto tomando o bispo pela mão e caminhando rumo ao tribunal.

Boleslau, com sua corte e uma imensa multidão de pessoas, estava esperando o resultado com ansiosa expectativa. “Olhai para Pedro”, disse o santo a Boleslau. “Ele veio, príncipe, para dar testemunho diante de vós. Interrogai-o, ele vos responderá”. Impossível era descrever o estupor do duque, de seus conselheiros e de toda a assembleia ali reunida. Pedro afirmou que tinha recebido o pagamento pela terra; voltando-se para seus herdeiros, ele repreendeu-os por ter acusado injustamente o santo prelado; e exortou-os, por fim, a fazer penitência por um pecado tão grave. Foi assim que a iniquidade, já estimando seu sucesso, foi confundida.

Eis que se dá, então, a circunstância que diz respeito ao nosso assunto, e à qual gostaríamos de nos referir. Desejando completar esse grande milagre para a glória de Deus, Estanislau propôs ao falecido que, se ele desejasse viver mais alguns anos, ele obter-lhe-ia esse favor da parte de Deus. 

Mas Pedro replicou que não tinha tal desejo. Ele estava no Purgatório, mas preferiria retornar para lá imediatamente e suportar-lhe as penas do que expor-se à condenação nesta vida terrestre. O homem só suplicou ao santo que implorasse de Deus abreviar o tempo de seus sofrimentos, a fim de que ele pudesse entrar o quanto antes na morada dos bem-aventurados. Depois disso, acompanhado do bispo e de uma vasta multidão, Pedro retornou a seu túmulo, deitou-se, seu corpo se desfez em pedaços e seus ossos retornaram ao mesmo estado em que haviam sido achados. Temos razão para acreditar que o santo obteve rapidamente a libertação dessa alma.

Mas o mais extraordinário nesse exemplo, e que mais nos deve atrair a atenção, é uma alma do Purgatório, tendo experimentado tormentos os mais excruciantes, preferir esse estado à vida deste mundo; e a razão dada a essa preferência é que nesta vida mortal estamos expostos ao perigo de nos perdermos e termos como destino último a condenação eterna".

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Observação da Equipe Miraculum: Caros irmãos, assim como essa alma implorou a Santo Estanislau que rogasse a Deus para abreviar seus sofrimentos no purgatório, nós também podemos ajudar às almas de nossos familiares, amigos ou mesmo desconhecidos já falecidos (em especial às almas esquecidas do purgatório), oferecendo oraçõesmissas (principalmente). Elas serão eternamente gratas a nós e a Deus, assim como rogarão por nós quando estivermos no purgatório!!! Quanto mais almas ajudarmos, mais poderemos ser ajudados no futuro, pense nisso.

Referências: Purgatory: Explained by the Lives and Legends of the Saints; Christo Nihil Praeponere